A nudez faz parte da história da moda desde sempre. Não são poucos os desfiles que modelos estão parcialmente despidos ou editoriais que aparecem nus. Isso, por óbvio, nunca incomodou tanto o público que consumia moda. Mas recentemente, a Valentino soltou uma foto onde fazia a campanha de uma de suas bolsas. Então, boa parte do público conservador se revoltou com um dos elementos da foto: o fotógrafo Michael Bailey Gates apareceu nu segurando uma das peças da coleção. A ideia de que um homem de cabelos longos e nu esteja segurando uma peça feminina causou “indignação”.

Um internauta escreveu “Essa foto vai contra a natureza”, enquanto outro disse que a foto iria envenenar as crianças. As implicações com a questão de gênero repercutiram a ponto do diretor criativo da grife, Pierpaolo Piccioli, se pronunciar nas redes sociais:

"Depois que postamos essa foto na Maison Valentino, muitas pessoas reagiram com comentários agressivos e odiosos. Meu trabalho é entregar minha visão de beleza de acordo com o tempo em que estamos vivendo; que a beleza que consideramos bela seja um reflexo dos nossos próprios valores. Estamos testemunhando uma enorme mudança na espécie humana, os movimentos de autoconsciência são todos guiados pela mesma ideia: a evolução é possível se a igualdade for possível, se a inclusão for possível, se os direitos humanos forem defendidos e a liberdade de expressão protegida e nutrida.

O ódio não é uma expressão, o ódio é uma reação ao medo e o medo pode facilmente se transformar em violência, que pode ser um comentário ou uma agressão a dois homens se beijando no metrô.

Temos de enfrentar e condenar todas as formas de violência, ódio, discriminação e racismo, e tenho orgulho de usar minha voz e meu trabalho para fazer isso, agora e sempre. Esta foto é um autorretrato de um jovem bonito, o mal é nos olhos de quem vê, não em seu corpo nu.

Mudar é possível, nunca ninguém disse que seria fácil, mas estou preparado para enfrentar as dificuldades em nome da liberdade, do amor, da tolerância e do crescimento."

Não poderíamos concordar mais com o estilista, não é?