O que mudou no consumo da moda em 2020?
Por Guilherme Carraro
Que 2020 foi um ano difícil, todos sabemos. Mas um dos setores mais afetados pela pandemia foi o setor de moda. Boa parte dos desfiles e apresentações de novas coleções tiveram que ser totalmente repensadas. Algumas inclusive fizeram desfiles virtuais. No geral foi um prejuízo grande, mas que também fez a maioria do mundo fashion refletir sobre o consumo. Afinal, como todo esse confinamento alterou o que as grifes pensam e como o consumidor pensa?
A moda repensou o consumo
Logo no começo de fevereiro de 2021, a Versace anunciou que não participaria da Milan Fashion Week, um dos desfiles mais consagrados da moda mundial. Ao que se percebe, a grife coordenada por Donatella Versace, não está muito apressada em mostrar suas novas peças da coleção 2021. Isso, no entanto, não é inédito. A Saint Laurent abandonou a Paris Fashion Week de setembro passado, adotando uma exposição totalmente virtual. Anthony Vaccarello, disse em entrevista à WWD: A nossa decisão de não fazer parte de nenhum calendário pré-definido este ano decorre do nosso desejo de reconhecer a importância do nosso tempo, da nossa vida. Uma certa maneira de viver mais do que uma certa maneira de se vestir.
A fala de Vacarello repercutiu o mundo. Além dele, Gucci, Balenciaga e outras, repensaram a perspectiva do design de moda. A produção desenfreada e a obrigação de fazer um número X de peças em uma data determinada, limitava, os diretores criativos, além de ser um sistema arcaico. No entanto, isso foi repensado apenas após o impacto da pandemia. Segundo dados da consultora de gestão global, Bain & Company, o setor de bens pessoais do mercado de luxo contraiu 23%, a primeira queda desde 2009. Isso representa cerca de € 217 bilhões.
Enquanto isso, a moda do fast-fashion veio com força
No entanto, enquanto o mercado de moda diminui, a marca chinesa, Shein, teve ganhos bilionários com o consumo dos seus clientes. O aplicativo, foi baixado cerca de 10,3 milhões de vezes em escala global. Para se ter uma ideia, a Zara, foi baixada cerca 2,5 milhões. Mas por quê?
Segundo a psicóloga, Thayane Leonardi, a pandemia afetou nossa perspectiva sobre consumo em muitas formas, principalmente no começo de 2020. “A ansiedade e o estresse aumentaram esse impulso pela compra” comentou. Segundo a psicóloga, a compra e o consumo desenfreado serviam como alívio da pressão que estávamos e ainda estamos vivenciando. Vale lembras que a China cresceu 45% em taxas de câmbios atuais. Isso representa cerca de € 44 bilhões. No entanto, com os reflexos econômicos agravando cada vez mais, as coisas mudaram para alguns setores da sociedade. “No decorrer (de 2020) as pessoas tiveram que reavaliar o que consumiam (...) isso muda de pessoa para pessoa”. As roupas mais caras, por exemplo, ficaram de lado, assim como produtos que não tínhamos necessidade durante o período. A psicóloga, no entanto, reitera que isso pode mudar no que diz respeito ao nível econômico de cada indivíduo.