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VALENTINA BORNACINA: A ascensão da moda agênero

Imaginem essa cena comigo: um casal animado planejando o chá de revelação para seu futuro nenê, a escolha das cores para a hora da surpresa? Azul caso seja um menino e rosa caso seja uma menina. O clássico.

Os papéis impostos pela sociedade através das roupas começam desde antes do nosso próprio nascimento e é uma das primeiras fases do nosso reconhecimento social.

O que vestimos expressa a nossa identidade, posição social e de que grupo fazemos ou queremos fazer parte, ou seja: é uma ferramenta de afirmação da nossa imagem e, consequentemente, do gênero que nos identificamos.

A moda e a sua construção simbólica na sociedade sempre pautou as coleções e propagandas em cima de uma concepção binária e heteronormativa de gênero (ou seja: homens vestem calças e mulheres saias). Por outro lado nós podemos observar movimentos que caminham em sentido oposto a esta construção.

Passamos a discutir o gênero como uma construção social, que não está necessariamente atrelada ao sexo biológico. Consequentemente, a divisão entre as peças ‘para mulheres’ e ‘para homens’ foram perdendo o sentido, pois agora

buscamos nos vestir como nos sentimos e identificamos, e não seguindo imposições sociais.

Socialmente falando, estamos vendo cada vez mais a fusão do guarda-roupa considerado ‘feminino e masculino’. Seja nos Tapetes Vermelhos ou nas ruas, está se tornando cada vez mais comum vermos personalidades brincando com o conceito de gênero nas suas vestimentas.

 

 

@richardruppel- influenciador digital

 

Billy Porter- Ator (@theebillyporter)

 

Billie Eilish - Cantora e Compositora

 

 

Porém, quando olhamos do ponto de vista da indústria - esta análise pode ir mais a fundo. Algumas marcas estão buscando produzir modelagens neutras, que sirvam tanto em corpos masculinos quanto femininos. Também trazendo isso em sua comunicação, ou seja: vemos as mesmas roupas sendo usadas por homens, mulheres e não-binários (termo usado para designar pessoas que não se identificam com nenhum gênero).

 

 

Another Place - coleção ‘corpos quentes’, 2021

 

H-AL (@halartextil)- coleção ‘socorro’, Inverno 2021

 

 

É claro que, assim como qualquer movimento que busca quebrar um padrão enraizado, ainda estamos no começo de uma mudança que se mostra ser muito maior e muito mais profunda do que apenas uma tendência passageira.

A moda agênero não consegue ser completamente implementada sem antes descontruirmos crenças e preconceitos que carregamos, muitas vezes inconscientemente. Como por exemplo: assumir de que os adeptos a ela se encaixam obrigatoriamente no grupo LGBTQIA+.

Porém, nesse meio tempo, nos resta fazer duas coisas

  1. Procurar meios de tornar a moda mais inclusiva
  2. E admitir que quando a vestimenta carrega o papel de expressão, e não de imposição, ela é muito mais divertida ;)

 

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