O terceiro dia da São Paulo Fashion Week N51 foi marcado por narrativas que tratam a solidão, o sentimento de sufocamento e as novas relações interpessoais geradas pelo coronavírus e o isolamento social. Tivemos também mais desfiles das marcas do projeto Sankofa (coletivo de estilistas negros) e até mesmo inspirações no “Xou da Xuxa”, na coleção  Neith Nyer. No geral, podemos ver um diálogo entre passado e futuro em muitos Fashion Films (filmes curtos de moda).

Gloria Coelho

Quem abre o dia é a marca Gloria Coelho, com a temática “Mulher do Amanhã”. A coleção trouxe peças inspiradas nos anos 70, 80 e 90. As roupas apresentam um aspecto leve, tons pastéis, design minimalista e vintage. Segundo a estilista, a coleção fala sobre uma mulher nova, inserida no digital, que quer criar um futuro, mas esse futuro ainda está ligado às décadas do século passado.

Esfér

Esfér foi a primeira marca de joalheria a desfilar na São Paulo Fashion Week. Em seu Fashion Film eles trouxeram alto contraste entre o fundo e os modelos, alternando entre preto, verde e branco.  Além disso, existem diversas performances circenses junto com uma estética futurista. A marca é nova, foi fundada em 2020 e conta com uma coleção de joias que se inspiram em engrenagens e origamis.

Santa Resistência

A inspiração para essa coleção da marca Santa Resistência foi a princesa Elizabeth De Toro, do reino de Toro na, Uganda. Para a estilista Mônica Sampaio, o ponto forte da coleção são os vestidos fluidos e os conjuntos de alfaiataria que fazem referência às peças que a princesa usava quando foi modelo em 1960. Assim como na coleção de Gloria Coelho, um dos objetivos é estabelecer um diálogo com a mulher moderna ao mesmo tempo que traz aspectos do passado.

Mile Lab

A estilista fundadora da Mile Lab é Milena Nascimento. Ela tem uma grande trajetória na São Paulo Fashion Week, começando como camareira e hoje sendo uma das estilistas do evento. Para Milena, voltar à SPFW dessa forma foi mágico. Sob o projeto Sankofa, sua coleção se chama “Baobá”. As roupas são monocromáticas em branco, fazendo referência às celebrações da umbanda. Durante o Fashion Film existe uma narração onde é falado sobre a resistência e força do povo marginalizado.

Juliana Jabour

A estilista Juliana Jabour conta que a coleção nasce da pergunta: “Qual roupa eu vou querer usar pra desfrutar desse mundo pós pandemia?". Seu Fashion Film conta a história do reencontro de duas pessoas separadas pela pandemia. Logo no início do vídeo uma voz diz: "...impedindo o toque, as relações e o amor, fizeram com que as pessoas decidissem se anular. Elas adormeceram por alguns anos”. Depois disso, acompanhamos a jornada dessas duas pessoas por uma cidade completamente vazia. Quase todas as roupas são monocromáticas, apostando em grande volume, babados e uma paleta de cor vibrante.

A. Niemeyer

Com tons terrosos, vestidos longos, soltos e leves, a coleção da A. Niemeyer vem para falar da natureza. No filme as modelos desfilam em círculo na grama, passando a ideia cíclica e circular da natureza. Segundo Renata Alhadeff, “a coleção é uma proposta de fazer as pazes com essa natureza, que nada mais é do que nós mesmos".

Apartamento 03

A marca Apartamento 03 lançou sua coleção chamada “A Roupa Da Janela”, outra referência a tempos de isolamento e pandemia. Os looks possuem cores bem vivas com diversas texturas e tecidos, além de peças largas. O estilista e criador, Luiz Cláudio, contou que quis passar a sensação das texturas, já que sente falta de quando as pessoas podiam se tocar mais.

João Pimenta

João Pimenta apostou em uma coleção divertida, já que, segundo ele, "nós já estamos saturados de notícias ruins”. Para isso ele traz muitas cores, estampas e formas. Outro ponto forte são as roupas sem gênero e a ideia de que não é a marca que define se a roupa é para homem ou mulher, mas sim quem veste.

Neith Nyer

A marca Neith Nyer mudará seu nome para Rolê. Nesta transição, o estilista Francisco Terra decidiu se inspirar na Xuxa, mais especificamente no programa “Xou da Xuxa” e no filme “Xuxa Contra o Baixo Astral”. Para ele, Xuxa “é uma figura da felicidade, do sonho, e, durante a pandemia, eu revi vários filmes e episódios do programa dela". 

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